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quinta-feira, 17 de julho de 2014

Trabalhar e viver 1 ano no Panamá.

Depois de terminar uma das experiências mais incríveis da minha vida venho aqui escrever como foi um pouco desse sonho para mim. Quero ter um registro para lembrar essa sensação de "olhos abertos" que você fica quando começa a descobrir que o mundo é muito maior do que você pensava. Não é exagero dizer que viajar expande seus horizontes.

Já estou de volta ao Brasil, mas o Panamá sempre vai ter um lugarzinho especial no meu coração. Me faltava ainda 1 ano e meio para terminar minha formação em publicidade e propaganda então o plano seria voltar para minha cidade depois do intercâmbio para me formar e só depois poder ganhar o mundo. rs. A vontade de acabar ficando por lá era muita, afinal é um país maravilhoso para se morar. O problema é que ao pesar os prós e os contras, nesse momento da minha vida, meu coração e razão me fizeram optar por voltar. Acho que ainda não foi a hora de bater as asas e voar. Tudo no seu momento certo... Uma coisa é certa: oportunidade é o que não falta quando você se prepara para atingir seu objetivo e tem força de vontade e coragem para ver que a única pessoa que te segura é você mesmo.

Eu morava em um apartamento em Costa del Este, um bairro "chic" do Panamá onde eu ficava segura e tranquila. Ia sozinha para o supermercado 10 hrs da noite, a pé, caminhando tranquilamente e nada nunca aconteceu. A sorte me fez ir parar lá e hoje sei que foi um fator diferencial para a qualidade da minha estadia lá. Há muito trânsito na cidade e para ir de um lugar para outro em horários de pico é bem complicado. Eu ia trabalhar caminhando o que me fazia economizar tempo e dinheiro.  Para quem pensa em morar por lá, indico primeiro buscar moradia nessa região. O valor é mais alto mas compensa.

O trabalho era muito bom, mas bastante intenso. Além de ser a única design gráfica "in house" do e-commerce eu também acabei ficando como "campaign coordinator" da área.Eu realmente aprendi bastante e tive um salto profissional incrível. Meu chefe me dava muita liberdade para trabalhar e confiava em mim para desenvolver projetos internos, melhorando processos e opinando nos planejamentos de marketing e futuras campanhas. Como não tinha nenhuma referência local na minha área de atuação o meu treinamento foi com a Global Creative Production Manager direto da Europa. O melhor de trabalhar em uma empresa de nível global é justamente poder interagir com pessoas que possivelmente terá uma visão diferente da sua, lhe fazendo enxergar outros pontos de vista, entender áreas de oportunidades e possíveis gaps. Essa mesma vantagem foi também um dos maiores desafios, afinal eu nunca consegui criar uma zona de conforto pois meu trabalho alcançou níveis globais e um padrão muito mais alto, pessoas de vários países iriam ver o que eu fazia. O dia a dia de trabalho era intenso: treinamentos em inglês, ligações em espanhol, coordenar as campanhas com 5 diferentes gerentes de cada país, entendendo as peculiaridades do público de cada região para coordenar qual melhor campanha, tendo que alinhar com os direcionamentos e perspectivas globais. Acho que hoje eu sou muito mais flexível e resiliente do que há um ano.

Meu cantinho no escritório. Minha bagunça organizada.

Adidas Slam Ecomm - enfeitada para a Copa do Mundo.
O dia a dia na adidas era bastante leve e descontraído,apesar de muito focados, os trainees tem bastante liberdade de horário e podem fazer diversas atividades dentro da empresa. As vezes quando eu precisava dar uma pausa para ativar a criatividade ia na cozinha tomar um café e sempre tinha alguém com quem conversar. Fazia networking sem notar e conheci pessoas maravilhosas. Aqueles preconceitos que temos de algumas nacionalidades ( como franceses muito fechados, alemães metódicos com cara de poucos amigos...) caíram por terra ao conhecer muita gente simpática, alegre e agrável. Muitas vezes me senti em casa, quando em dias de jogo o pessoal levava o nootbook para trabalhar na cozinha para assistir os jogos durante a UEFA Champions League.

Máquina de café da cozinha da adidas. Capuccino quentinho nas horas de bloqueio criativo.
Uma das coisas que mais gostava era o incentivo a saúde física e mental, estimulado a prática de esporte e atividades que traziam o bem-estar. Dias de Terça eu participava do futebol de campo, dias de Quarta do running team e dias de Quinta  fazia voleyball. Tudo organizado pela adidas para seus funcionários. Além disso sempre tinha palestras sobre alimentação e saúde, semana de esportes, desafios etc. Uma vez fizeram um desafio em que a cada 1 km corrido pelo funcionário a empresa doaria 3 euros para uma instituição brasileira de crianças carentes. Eles criaram uma plataforma interna em que cada pessoa podia postar seu resultado e acompanhar o dos colegas. Muito legal!  Cada ação da empresa é pensada para te fazer sentir como parte de um time. Todos mês havia uma reunião geral de todos os empregados locais para alinhar as perspectivas, mostrar resultados, ver o que cada área estava crescendo, incentivar equipes e reconhecer melhores projetos.



Depois de um treino de futebol puxado, foto com as colegas de time: mexicanas, peruana e panamenha.
Maratona 3k running 

Corrida 3k running

Yoga com as colegas de trabalho

Ao final, só tenho a agradecer a Deus pela oportunidade  de poder ter passado por essa grande experiência. Indico muito para quem tiver em dúvida entre deixar as inseguranças de lado e ir fundo quando a oportunidade se aliar ao conhecimento.